segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Burros, só de nome

Quando, há 12 anos, Bárbara Fráguas chegou ao Alto Douro, para um trabalho de fim de curso, não tardou a apaixonar-se pela paisagem e pelas pessoas. Ela, que trocara um curso meio começado de engenharia pela biologia, acabou, também, por trocar a sua cidade natal, o Porto, pela aldeia de Atenor, perto de Sendim (Miranda do Douro). Aqui ajudou a criar diversas associações, uma das quais, a Aldeia, integra a plataforma que se opõe à construção da barragem do Baixo Sabor (ver Única de 1/12/07). Em paralelo, desenvolve outros projectos, um dos quais consiste em salvar da extinção o burro de Miranda. Estes animais resistentes, meigos e peludos "são tudo menos estúpidos". Utilizados em passeios turísticos pela região, tornaram-se num dos atractivos desta aldeia onde, em dois cercados, há para cima de meia centena de exemplares.

Os burros mirandeses, corpulentos e de cor castanha, têm a curiosidade de apresentar pelo muito comprido até cerca de um ano de idade. A sua docilidade e porte tornam-nos ideais para transportar crianças ou pessoas pouco habituadas a montar. "É esta vertente que exploramos, com a realização de passeios pelo planalto transmontano, uns programados, outros a pedido e que podem ter um ou mais dias", explica Bárbara.

Até há meia-dúzia de anos esta raça parecia condenada à extinção. E isto porque a agricultura tradicional ia desaparecendo, enquanto nas explorações modernas se recorria, fundamentalmente aos tractores e outras máquinas. A Associação de Estudo e Protecção do Gado Asinino foi fundada em Maio de 2001. Para além da criação de novos animais, tem assegurado a recolha e protecção dos burros mais velhos, quer quando estes já estão incapazes para o trabalho, quer quando os respectivos proprietários já não os conseguem manter.

Rui Cardoso
21:00 | Sexta-feira, 30 de Nov de 2007
Visto em: Jornal Expresso

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